“Nesse contexto, é importante disponibilizar
livros que sejam fartamente ilustrados”, diz a coordenadora pedagógica do
Colégio AB Sabin, Suzy Vieira. “No Maternal I, nem precisam ter palavras”. Isso
é básico, explica Suzy, não apenas porque as ilustrações despertam o interesse
e instigam a fantasia, mas por ajudarem a desenvolver a oralidade e a promover
acervos de memória para a futura leitura.
Pela mesma razão, a
Educação Infantil privilegia os chamados contos de repetição. Trata-se de
histórias em que um evento se repete algumas vezes com pequenas variações ou
acréscimos de um ou outro detalhe. Um bom exemplo é O Caso do Bolinho, de
Tatiana Belinky, no qual um bolinho fujão encontra alguns personagens em seu
caminho e, para evitar ser comido, repete o mesmo bordão e a mesma canção para
distrair seus algozes. Uma história montada sobre essa estrutura é mais fácil
de ser memorizada, dando à criança certo controle em suas incursões ao mundo da
fantasia.
Assim como bordões e
músicas, algumas palavras simples, por aparecerem diversas vezes nos livros e
no próprio cotidiano infantil, também têm potencial mnemônico. “Nessa fase, são
muito importantes as chamadas ‘palavras estáveis’”, diz Suzy. Como exemplo, ela
cita o trabalho que a turma do Pré I faz com o livro Macaco Danado, de
Julia Donaldson.
Ainda que os alunos não
saibam ler, o contato frequente com palavras como MACACO ou SAPO – e durante
uma contação a professora pode apontar as palavras no livro, escrevê-las na
lousa, destacá-las em cartelas – os faz associar os sons de “macaco” e “sapo”
àquelas combinações específicas de letras. O mesmo efeito se dá com as palavras
da rotina da classe, escritas diariamente na lousa (RODA, LANCHE, PÁTIO, etc.),
ou até com os nomes dos alunos, também registrados em toda sala de aula da
Educação Infantil. “Aí acontece, por exemplo, de um aluno chamado Rodrigo
reconhecer a sílaba RO da palavra RODA e ter um insight: ‘Olha,
professora, é parecido com o meu nome’”, diz a coordenadora.
Mas é claro que há algo
mais fundamental do que a memória na aproximação com os livros: o prazer da
leitura em si. Que começa com o contato direto com o objeto livro. Além da
biblioteca geral do Colégio, com um acervo em torno de 500 títulos, cada sala
de aula do AB Sabin (assim como na Educação Infantil do Sabin) conta com uma
minibiblioteca própria, com pelo menos 24 títulos diferentes (um por aluno). E
essa estrutura, diz a diretora do AB Sabin, Mônica Mazzo, é intensamente usada
pelos alunos.
“Fazemos visitas à
Biblioteca, em que eles escolhem os livros que quiserem, manuseiam, folheiam,
mostram para os colegas. São momentos de livre exploração”, diz Mônica. Isso é
importante, segundo a diretora, para estimular o gosto e o respeito pelos
livros. “Também ensinamos que eles têm de cuidar do livro, não rasgar, não
sujar, para que outros possam aproveitar a leitura como eles estão
aproveitando”.
Orientações semelhantes
são passadas também nas sacolinhas que os alunos utilizam para levar para casa
os livros que tomam emprestados da Biblioteca do Colégio. O hábito do
empréstimo não só é estimulado como pode ser pedido como espécie de tarefa
escolar. “Uma coisa que fazemos é dizer que, na semana seguinte, alguns alunos
vão contar a história do livro que levaram para casa”, diz a diretora.
É quando o Colégio
conta com a ajuda dos pais para lerem com seus filhos, inclusive aproveitando
para dar dicas que podem tornar essa atividade mais estimulante e frutífera.
Felizmente, garante a diretora, os pais e mães do AB Sabin aceitam a tarefa com
prazer. “Apesar de nem ser objetivo da Educação Infantil, boa parte de nossos
alunos conclui o ciclo iniciando o processo de leitura e escrita, porque nossas
famílias têm o hábito da leitura. Isso ajuda muito”.
Para seu filho gostar
de ler
1. Passe o dedo pelo
texto, acompanhando a leitura. Isso ajuda seu filho a fixar o som de algumas
palavras ou sílabas.
2. Aproveite os dias
com o livro para ler mais de uma vez. A repetição é estimulante para a criança
e ajuda na memorização.
3. Faça do momento da
leitura algo prazeroso, uma atividade alegre com seu filho: “Vamos ler depois
do jantar?”.
4. Se a leitura for
extensa, ler em partes pode aguçar a curiosidade: “Será que o macaco danado vai
encontrar a mãe? Vamos descobrir amanhã?”.
5. Parabenize seu filho
quando ele reconhecer palavras ou frases. O orgulho pode estimulá-lo a ler
mais.
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