Alegram-se os pequenitos;
Pois sabem que o bom Jesus
Costuma dar-lhes bonitos.
Vão-se deitar os lindinhos
Mas nem dormem de contentes
E somente às dez horas
Adormecem inocentes.
Perguntam logo à criada
Quando acorde de manhã
Se Jesus lhes não deu nada.
– Deu-lhes sim, muitos
bonitos.
– Queremo-nos já levantar
Respondem os pequenitos
Canto de Natal
O
nosso menino
Nasceu
em Belém.
Nasceu
tão-somente
Para
querer bem.
Nasceu
sobre as palhas
O
nosso menino.
Mas a
mãe sabia
Que
ele era divino.
Vem
para sofrer
A
morte na cruz,
O
nosso menino.
Seu
nome é Jesus.
Por
nós ele aceita
O
humano destino:
Louvemos
a glória
De
Jesus menino.
Versos
de Natal
Espelho,
amigo verdadeiro,
Tu refletes as minhas rugas,
Os meus cabelos brancos,
Os meus olhos míopes e cansados.
Espelho, amigo verdadeiro,
Mestre do realismo exato e minucioso,
Obrigado, obrigado!
Mas
se fosses mágico,
Penetrarias até o fundo desse homem triste,
Descobririas o menino que sustenta esse homem,
O menino que não quer morrer,
Que não morrerá senão comigo,
O menino que todos os anos na véspera do Natal
Pensa ainda em pôr os seus chinelinhos atrás da porta.
Natal sem Sinos
No pátio a noite é sem silêncio.
E que é a noite sem o silêncio?
A noite é sem silêncio e no entanto onde os sinos
Do meu Natal sem sinos?
Ah meninos sinos
De quando eu menino!
Sinos da Boa Vista e de Santo Antônio.
Sinos do Poço, do Monteiro e da Igrejinha de Boa Viagem.
Outros sinos
Sinos
Quantos sinos
No
noturno pátio
Sem silêncio, ó sinos
De quando eu menino,
Bimbalhai meninos,
Pelos sinos (sinos
Que não ouço), os sinos de
Santa Luzia.
Voto
de Natal
Acenda-se
de novo o Presépio no Mundo!
Acenda-se Jesus nos olhos dos meninos!
Como quem na corrida entrega o testemunho,
passo agora o Natal para as mãos dos meus filhos.
E
a corrida que siga, o facho não se apague!
Eu aperto no peito uma rosa de cinza.
Dai-me o brando calor da vossa ingenuidade,
para sentir no peito a rosa reflorida!
Filhos,
as vossas mãos! E a solidão estremece,
como a casca do ovo ao latejar-lhe vida…
Mas a noite infinita enfrenta a vida breve:
dentro de mim não sei qual é que se eterniza.
Extinga-se
o rumor, dissipem-se os fantasmas!
O calor destas mãos nos meus dedos tão frios?
Acende-se de novo o Presépio nas almas.
Acende-se Jesus nos olhos dos meus filhos.
Nasceu
Um Menino, de José Régio
Nasceu
um Menino
Nasceu, nasceu um Menino,
Nasceu um Menino mais,
No bercinho pouco fino
Das palhas duns animais!
Que num vil curral por quarto
E entre uns pedregulhos nus,
Teve a santa dor do parto
A Mulher que o deu à luz.
Mas de cada vez, no mundo,
Que mais um ser aparece,
Quem pode descer ao fundo
Do que o Destino nos tece?
À hora em que Este chegava,
Lá para um cerro distante,
Por cada fibra chorava
Una velho cedro gigante.
Chorava porque sabia
Que em seu peito condenado
Aquele Menino, um dia,
Seria crucificado.
Ora cada vez, no mundo,
Que nasce mais um Menino,
Quem pode descer ao fundo
Do que nos tece o Destino?
Já, pelos céus fora, um astro
Descendo sobre o curral,
Abre para sempre um rastro
De alvor sobrenatural.
E o velho cedro, que chora
Porque se julga precito,
Pelos séculos em fora
Será sagrado e bendito.
Que abertos pelos espaços,
No azul sereno e profundo,
Do sangue duns outros braços
Seus braços dão Vida ao mundo.
Último
Natal
Menino Jesus, que nasces
Quando eu morro,
E trazes a paz
Que não levo,
O poema que te devo
Desde que te aninhei
No entendimento,
E nunca te paguei
A contento
Da devoção,
Mal entoado,
Aqui te fica mais uma vez
Aos pés,
Como um tição
Apagado,
Sem calor que os aqueça.
Como ele me desobrigo e desengano:
És divino, e eu sou humano,
Não há poesia em mim que te mereça
Natal
Os joelhos em terra,
as mãos erguidas, presas.
E Deus o céu descerra
aos murmúrios que rezas.
Brilham mais as estrelas.
Mais neve o céu derrama.
E, se por fora gelas,
por dentro és uma chama.
E beija a tua face
o luar que aparece,
como se Deus mandasse
um sim â tua prece.
Natal
Africano
Não há pinheiros nem há neve,
Nada do que é convencional,
Nada daquilo que se escreve
Ou que se diz… Mas é Natal.
Que ar abafado! A chuva banha
A terra, morna e vertical.
Plantas da flora mais estranha,
Aves da fauna tropical.
Nem luz, nem cores, nem lembranças
Da hora única e imortal.
Somente o riso das crianças
Que em toda a parte é sempre igual.
Não há pastores nem ovelhas,
Nada do que é tradicional.
As orações, porém, são velhas
E a noite é Noite de Natal.
Obrigado por ler até aqui!
O
Natal está longe de ser apenas uma data comemorativa. Seu objetivo vai muito
além de reunir os familiares para uma celebração anual. Para cristãos Cristo é
– e deve ser- a figura central desta data. Tudo que ele pregou – amor,
abnegação, perdão, fé, etc. – é o que nos instiga a ser cada dia melhores. Para
aqueles que não são cristãos, a data passa valores de comunhão, união e afeto,
trazendo sorrisos e carinho independente de crenças.